Uma técnica para detectar a fortuna do nativo

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Uma técnica para detectar a fortuna do nativo

Uma simples técnica tradicional para investigar se o nativo será ou não afortunado:


Essa técnica é citada por alguns autores, como Abu Ali al-Khayyat (séc VIII). Como se sabe, dentre os sete astros tradicionais, o Sol e a Lua são de primordial importância, uma vez que estes são os doadores de vida e a representação do Espírito e da Alma/Corpo respectivamente. É a partir deles que esse método se desdobra. Observe, primeiramente, a seita do mapa, isto é, se a carta é diurna ou noturna. Uma carta diurna possui o Sol acima da linha do horizonte – a que cruza o grau do Ascendente ao grau do Descendente -, ao passo que uma carta noturna possui o Sol abaixo da linha do horizonte. Em outras palavras, veja se o nativo nasceu de dia ou de noite, mas lembrando que o horário do amanhecer e do anoitecer varia ao longo do ano e da latitude.

Exemplo de mapa diurno. Tracei uma linha em vermelho para marcar a linha do horizonte que, neste caso, começa a 4º23′ de Virgem e termina a 4º23′ de Peixes. O Sol está acima desta linha, logo o mapa é diurno.
Exemplo de mapa noturna.

Uma vez identificada a seita da carta, siga os passos seguintes: num mapa diurno, veja o signo onde está o Sol e tome nota dos seus regentes de triplicidade*; num mapa noturno, faça o mesmo com a Lua. Depois, basta ver a condição de cada um dos três regentes: quanto mais deles estiverem bem posicionados tanto essencial quanto acidentalmente (a saber, em boas casas e signos, formando bons aspectos, conjuntos a boas estrelas e lotes, em seita, boa velocidade etc) melhor será a fortuna (grosso modo, “boa sorte”, reconhecimento e oportunidades) do nativo. Se, do contrário, estiverem em más condições (em casas maléficas e debilitados, conjuntos ao nodo sul, combustos ou sob os raios do Sol, conjuntos a estrelas maléficas etc) a fortuna será mitigada. A maioria das cartas apresenta pontos positivos e negativos simultaneamente, indicando altos e baixos na vida ou uma vida “normal.” Cabe também dizer que tudo isso deve ser amarrado com a composição geral do mapa.

*Para recordar a teoria das triplicidades:

As triplicidades compõem uma das cinco dignidades essenciais da Astrologia, sendo estas relacionadas aos quatro elementos da natureza. Assim, temos a triplicidade do fogo, do ar, da água e da terra, cada uma com três regentes: dois regentes de seita e um regente participativo. Os regentes da triplicidade do fogo para as cartas diurnas (Sol acima da linha do horizonte, aquela que cruza do Ascendente ao Descendente) são o Sol, Júpiter e Saturno, enquanto para as cartas noturnas (Sol abaixo da linha do horizonte) são Júpiter, Sol e Saturno. Os regentes da triplicidade do ar, em mapas diurnos, Saturno, Mercúrio e Júpiter, e para as cartas noturnas são Mercúrio, Saturno e Júpiter. Quanto à triplicidade da água, seus regentes diurnos são Vênus, Marte e Lua, e de noite são Marte, Vênus e Lua. Por fim, os regentes da triplicidade da terra são, de dia, Vênus, Lua e Marte, ao passo que de noite são Lua, Vênus e Marte. Isso significa que, se você possui um planeta em sua triplicidade, ele se encontra em alguma dignidade essencial, como Júpiter em Leão, Saturno em Gêmeos ou até mesmo Marte em Câncer, porque apesar de Câncer ser queda de Marte, o fato deste ser um dos regentes da triplicidade da água lhe traz um alívio, embora pequeno já que a queda é uma debilidade muito forte. Quanto à questão do mapa ser diurno ou noturno e sua consequente alteração da ordem dos regentes, isto se faz útil para o uso aplicado das triplicidades em algumas técnicas de delineação (que não é o caso desta do presente artigo).

Exemplo de aplicação da técnica.

Acima temos a carta da célebre princesa do pop, Britney Spears. Apesar do sucesso a nível mundial e de grande popularidade e amor por parte de seus incontáveis fãs, Britney Spears teve parte sua vida atormentada por paparazzi e pela própria família, especialmente pelo pai. O foco aqui é a técnica dos regentes de triplicidade do luminar da seita, então vamos lá:

O mapa da Britney é noturno, logo a Lua é nosso ponto de partida. A Lua está em Aquário, signo do elemento ar, tendo como regentes de triplicidade Mercúrio, Saturno e Júpiter.

Mercúrio está exilado em Sagitário, em casa benéfica, porém cadente e encontra-se combusto pelo Sol. Como está oriental ao Sol num mapa noturno, Mercúrio está fora de seita.

Saturno, por sua vez, apesar de fora de seita, está angular (casa 1) e exaltado em Libra em mútua recepção com sua regente (Saturno em Libra, regido pela Vênus e Vênus em Capricórnio, regido por Saturno). Também recebe bons aspectos dos luminares (sextil do Sol e trígono da Lua).

Júpiter, finalmente, está em casa sucedente e neutra, fora de seita, regido pelo Marte na 12. Sendo um benéfico, colabora com o MC num trígono bem próximo e está no quarto signo a partir da Fortuna, ganhando alguma proeminência extra.

Conclusão: Mercúrio está aflito e fraco, Saturno está forte e digno, Júpiter está na média, com pontos favoráveis (força média) e desfavoráveis (regido por um planeta maléfico em casa maléfica). Apesar do reconhecimento estrondoso e da prosperidade da Britney, por muito tempo ela não pôde usufruir dos frutos do próprio trabalho.

Guilherme de Carli

@nodonorteastrologia