Em Capricórnio, território de Saturno, a Vênus caminha por um solo seco, montanhoso, de onde é possível observar tudo de seu topo. Ela compreende a importância de uma boa estrutura para que possa se manter firme em um mundo de escassez. Desta forma, busca em seus relacionamentos um compromisso sério e duradouro, alguém com quem possa permanecer através das surpresas do tempo. Sua tendência é atrair-se por pessoas maduras, mais velhas de idade ou de alma, normalmente bem sucedidas, desprezando aqueles que se comportam de maneira infantil sem nenhuma garantia a oferecer. Motiva-se por desafios, mas precisa saber aonde está pisando. A responsabilidade recíproca e a fidelidade de suas alianças são pilares essenciais para o compromisso: qualquer deslize será levado muito à sério, assim como os esforços de superação serão igualmente valorizados. Isso não significa, contudo, que ela procura pessoas que não saibam se divertir e aproveitar a vida, mas que sejam pilares que não se abalam mesmo nas mais tenebrosas tempestades. A Vênus em Capricórnio, signo bestial, possui uma energia sexual fora do comum. Como tudo o que pertence à Saturno, ela é capaz de suportar a escassez do sexo, mas quando lhe sobram oportunidades de satisfação do prazer, ela parece esquecer dos seus limites, como se o sexo lhe fosse uma farta fonte de vida meio ao deserto. Alguns símbolos nos ajudam a compreender essa imagem: a cabra-montanhesa, representação do signo de Capricórnio, quando vista dos alpes suíços era confundida com o diabo durante a Era Medieval, entidade cristã que sucumbe o ser humano na luxúria e nos excessos do prazer. Do mesmo modo, os sátiros, seres mitológicos metade homem metade bode, outra representação de Capricórnio, eram conhecidos entre os gregos pelo desaforado apetite sexual, sendo representados, quase sempre, com o pênis ereto. A Vênus em Capricórnio une algo que, na nossa cultura, parece contraditório, mas não é: a simultânea entrega ao sexo e ao compromisso afetivo.
Guilherme de Carli