As Fases da Lua na Astrologia Clássica

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As Fases da Lua na Astrologia Clássica

A divisão do ciclo lunar proposta pela Astrologia é um pouco diferente daquela que encontramos no calendário “social”, e dar atenção a isso é fundamental tanto para compreender as orientações de livros antigos quanto para pensar o céu a partir de parâmetros astrológicos. Antes da fração do círculo desenhado pelo movimento da Lua em quatro seções, nós temos um conceito mais importante nesse processo de identificação das fases: a luz. A quantidade (ou ausência) de luz refletida é o ponto de partida para entender as fases. Enquanto no calendário comum a Lua Nova dura cerca de 7 dias, do momento que Sol e Lua se alinham até o instante em que ambos formam o primeiro ângulo de 90º, na visão astrológica a Lua Nova é o momento em que a Lua fica oculta no céu, totalmente invisível a nós, devido a excessiva proximidade com o Sol, que ofusca quem estiver por perto. Assim que a Lua se separa 15º do Sol, cerca de 25h depois, ela volta a ser visível e aos poucos vai crescendo em luz. Portanto, a fase crescente já se inicia um dia após a Lua Nova e permanece até a Lua Cheia, e esse caminho é dividido em duas etapas: o primeiro quarto crescente e o segundo quarto crescente. Ao formar uma oposição perfeita com o Sol, a Lua se enche completamente de luz para em seguida decrescer. Depois de uns 15º de distância da oposição dos luminares, a Lua já entra na fase minguante (enquanto no calendário comum ela é considerada cheia por 7 dias) e vai aos poucos perdendo sua luz. Esse período é dividido em primeiro quarto minguante e segundo quarto minguante. Ainda que no finalzinho dessa fase a Lua já fique oculta, ela só será considerada nova outra vez quanto formar uma conjunção perfeita com o Sol, dando início a um novo ciclo de 29 dias. 


Uma vez identificada a fase da Lua, é preciso saber contextualizá-la dentro da dinâmica de cada mapa, ou seja, relacionar a fase com os demais posicionamentos astrológicos. Como as combinações são inúmeras, neste texto vou elencar só alguns exemplos. No geral, uma Lua Crescente é mais desejável que uma Lua Minguante, mas uma Lua Minguante pode ser muito bem-vinda em mapas noturnos (Sol abaixo da linha do horizonte, aquela que cruza o grau do Ascendente ao grau do Descendente), especialmente se estiver se aplicando à Vênus por aspecto ptolomaico ou conjunção. A Lua Crescente se aplicando a Marte é mais desagradável para quem nasceu de dia do que para quem nasceu de noite, podendo, neste segundo caso, ser até positivo se ela estiver em casas sucedentes (2, 5, 8 e 11) ou no Ascendente, de acordo com Firmicus Maternus (sec IV). É importante perceber de quem a Lua se separa e para onde ela se aplica, e para isso é fundamental dominar a teoria dos aspectos. Espera-se encontrar a Lua se relacionando apenas com benéficos e, se for com Sol, que seja através de trígono. Já se estiver se relacionando com maléficos, normalmente é preferível que ela esteja se afastando de um aspecto ou conjunção com um deles e indo ao encontro de um benéfico. Mercúrio é neutro, podendo trazer inteligência, boa oratória e dons oraculares quando bem colocado, ou trapaça, malevolência e inconstância quando mal colocado. A Lua Cheia não costuma benéfica, exceto quando está no Ascendente e Marte e Saturno não estão nos ângulos (casas 1, 4, 7 e 10), ou quando está entre um aspecto de Júpiter e Vênus, ou Júpiter e Mercúrio. Do mesmo modo, a Lua Nova não é boa, mas Vettius Valens (sec I) admite que há casos em que ela pode trazer elevação e poder. 


O ciclo lunar também é dividido em quatro estágios, cada um deles relacionado a um elemento. Assim, do momento em que o Sol e a Lua se alinham a 0º de longitude (Lua Nova) até formarem a primeira quadratura exata entre si, criando um ângulo de 90º, a Lua manifesta a natureza sanguínea do ar. Quando a Lua se separada dessa primeira quadratura e avança até a fase cheia, opondo-se a 180º do Sol, ela expressa a natureza colérica do fogo. Da Lua Cheia até a segunda quadratura com o Sol, formando mais um ângulo de 90º, a Lua apresenta a melancolia da terra. E por fim, dessa última quadratura até a próxima conjunção com o Sol, no segundo quarto minguante, a Lua acusa a qualidade fleumática da água. Dessa maneira, um nativo pode ter uma “pesada” Lua em Capricórnio, mas se ela estiver no percurso do ar, a Lua é dosada com leveza, agilidade, maleabilidade e exteriorização. Da mesma forma, uma Lua em Gêmeos pode ficar mais concentrada e menos volátil no primeiro quarto minguante, o percurso da terra. A teoria aqui demonstrada é fundamental para o cálculo do temperamento, o que auxilia o astrólogo a compreender questões de corporalidade e reação perante o mundo. 


Guilherme de Carli