Cristo e o Sol

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Cristo e o Sol

Que o dia 25 de dezembro não é realmente a data do nascimento de Jesus, já não é novidade para muita gente, mas isso não significa que uma data simbólica não tenha seu sentido para além da constatação dos fatos. Bem antes da chegada de Jesus ao mundo, os antigos pagãos celebravam o solstício de inverno no Hemisfério Norte a partir do qual os dias passariam a ficar cada vez mais longos até atingirem o ápice no início do verão seguinte, quando seriam engolidos pouco a pouco pela noite com a aproximação do novo inverno (estamos acostumados a pensar nas fases da Lua, mas o Sol também tem as suas). Particularmente o culto a Mitra, divindade solar persa, foi absorvido pelo Império Romano, onde a tradição do “Sol Invictus” (o Sol Invencível) era festejada pelas pessoas. Dessa forma, o Sol era o centro de todas as adorações por volta dessa época, e não havia como o Estado católico que estava se estabelecendo por volta do séc IV ignorar tudo isso.
Cristo, para algumas linhas esotéricas do cristianismo, é tido como uma entidade solar, e a Astrologia pode nos ajudar a compreender melhor tal relação. Primeiramente, o Sol é retratado como um círculo com um ponto no meio, simbolizando sua integridade, a condição de manter-se pleno, inteiro, sem qualquer divisão ou diminuição. O Sol nunca cede, pois é uno e indivisível, tal como Cristo resistiu às tentações no deserto e manteve-se fiel ao seu propósito. O Sol fica no centro da ordem caldaica dos astros (Marte, Júpiter e Saturno acima; Vênus, Mercúrio e Lua abaixo), estendendo sua integridade ao cosmo para que nada se desintegre e tudo tenha uma razão e um lugar no plano divino. Cristo, mesmo sendo auto suficiente, escolheu seus apóstolos para que o acompanhassem em sua missão. O Sol é o verdadeiro e autêntico poder, aquele que orquestra os seres compreendendo o que há de melhor em cada um. Não ordena, mas inspira e motiva à ação, como Cristo fez com seus apóstolos. 

O Sol possui júbilo (alegria) na casa 9 do mapa, tradicionalmente chamada de Casa de Deus. Perceba, o Sol não tem júbilo na 10, o topo do mapa, porque seu poder não é mundano, mas espiritual. O Ascendente, onde o Sol nasce, é a casa 5 derivada da 9: somos todos, como Cristo, filhos de Deus. O Sol é aquele cuja essência é a luz, símbolo de consciência, poder e divindade. Com sua imensa generosidade, o Sol compartilha sua luz com os demais astros para que todos brilhem junto com ele. E o Sol, além de representar a vida, fala também sobre a ressurreição, pois morre e nasce todos os dias. Cristo ressuscitou num domingo, dia do Sol, superando as forças de Saturno, a morte, senhor dos sábados. O Sol rege o signo de Leão, o fogo fixo do verão, mas se exalta em Áries, o cordeiro de fogo cardinal que vence o inverno e traz de volta a primavera.
Conta-se que, no dia da crucificação, aconteceu um eclipse solar, o encobrimento do Sol por uma sombra. A cruz é símbolo de aprisionamento na matéria, um sacrifício para uma entidade espiritual. Mas Cristo, íntegro e indestrutível, é Sol Invictus e ressurge para a vida eterna, mostrando que o segredo para não sucumbir ao abraço da morte reside na verdade do nosso coração. 


Guilherme de Carli